Tu Poema de Amor

  • Aumentar fuente
  • Fuente predeterminada
  • Disminuir fuente
Inicio . Euclides da Cunha AMOR ALGÉBRICO

AMOR ALGÉBRICO

Acabo de estudar da ciência fria e vã,

O gelo, o gelo atroz me gela ainda a mente,

Acabo de arrancar a fronte minha ardente

Das páginas cruéis de um livro de Bertrand.

 

Bem triste e bem cruel decerto foi o ente

Que este Saara atroz sem aura, sem manhã,

A Álgebra criou a mente, a alma mais sã

Nela vacila e cai, sem um sonho virente.

 

Acabo de estudar e pálido, cansado,

Dumas dez equações os véus hei arrancado,

Estou cheio de 'spleen', cheio de tédio e giz.

 

É tempo, é tempo pois de, trêmulo e amoroso,

Ir dela descansar no seio venturoso

E achar do seu olhar o luminoso X.