Sonnez! sonnez toujours, clairons de la pensée.
V. Hugo
Ó pálidos heróis! ó pálidos atletas
Que co'a razão sondais a profundez dos Céus
Enquanto do existir no vasto Saara enorme
Embalde procurais essa miragem Deus!...
A postos!... É chegado o dia do combate...
As frontes levantai do seio das so'idões
E as nossas armas vede os cantos e as idéias,
E vede os arsenais cérebros e corações.
De pé... a hora soa... esplêndida a Ciência
Com esse elo a idéia as mentes prende à luz
E ateia já, fatal, a rubra lavareda
Que vai de pé heróis! queimar a vossa Cruz.
Vos pesa sobre a fronte um passado de sangue.
A vossa veste negra a muit'alma envolveu!
E tendes que pagar ah! dívidas tremendas!
Ao mundo: João Huss e à Ciência: Galileu
Vós sois demais na terra!... e pesa, pesa muito
O lívido bordel das almas, das razões,
Sobre o dorso do globo sabeis é o Vaticano,
Do qual a sombra faz a noite das nações...
Depois... o século expira e... padres, precisamos
Da ciência c'o archote intérmino, fatal
A vós incendiar aos báculos e às mitras,
A fim de iluminar lhe o grande funeral!
Já é, já vai mui longa a vossa fria noite,
Que em frente à Consciência, soubestes, vis, tecer...
Oh treva colossal partir te á a luz...
Oh noite, arreda-te ante o novo alvorecer...
Oh vós que a flor da Crença esquálidos regais
Co'as lágrimas cruéis dos mártires letais
Vós, que tentais abrir um santuário a cruz,
Da multidão no seio a golpe de punhais...
O passado trazeis de rastro a vossos pés!
Pois bem vai-se mudar o gemer em rugir
E a lágrima em lava!... ó pálidos heróis,
De pé! que conquistar-vos vamos o porvir!