Tu Poema de Amor

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STELLA

Já raro e mais escasso

A noite arrasta o manto,

E verte o último pranto

Por todo o vasto espaço.

 

Tíbio clarão já cora

A tela do horizonte,

E já de sobre o monte

Vem debruçar-se a aurora.

 

À muda e torva irmã,

Dormida de cansaço,

Lá vem tomar o espaço

A virgem da manhã.

 

Uma por uma, vão

As pálidas estrelas,

E vão, e vão com elas

Teus sonhos, coração.

 

Mas tu, que o devaneio

Inspiras do poeta,

Não vês que a vaga inquieta

Abre-te o úmido seio?

 

Vai. Radioso e ardente,

Em breve o astro do dia,

Rompendo a névoa fria,

Virá do roxo oriente.

 

Dos íntimos sonhares

Que a noite protegera,

De tanto que eu vertera

Em lágrimas a pares,

 

Do amor silencioso,

Místico, doce, puro,

Dos sonhos de futuro,

Da paz, do etéreo gozo,

 

De tudo nos desperta

Luz de importuno dia;

Do amor que tanto a enchia

Minha alma está deserta.

 

A virgem da manhã

Já todo o céu domina...

Espero-te, divina,

Espero-te, amanhã.