Tu Poema de Amor

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DORMINDO

De qual de vós desceu para o exílio do mundo

A alma desta mulher, astros do céu profundo?

Dorme talvez agora... Alvíssimas, serenas,

Cruzam-se numa prece as suas mãos pequenas.

Para a respiração suavíssima lhe ouvir,

A noite se debruça... E, a oscilar e a fulgir,

Brande o gládio de luz, que a escuridão recorta,

Um arcanjo, de pé, guardando a sua porta.

Versos! podeis voar em torno desse leito,

E pairar sobre o alvor virginal de seu peito,

Aves, tontas de luz, sobre um fresco pomar...

Dorme... Rimas febris, podeis febris voar...

Como ela, num livor de névoas misteriosas,

Dorme o céu, campo azul semeado de rosas;

E dois anjos do céu, alvos e pequeninos,

Vêm dormir nos dois céus dos seus olhos divinos...

Dorme... Estrelas, velai, inundando-a de luz!

Caravana, que Deus pelo espaço conduz!

Todo o vosso dano nesta pequena alcova

Sobre ela, como um nimbo esplêndido, se mova:

E, a sorrir e a sonhar, sua leve cabeça

Como a da Virgem Mie repouse e resplandeça!