Tu Poema de Amor

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VANITAS

Cego, em febre a cabeça, a mão nervosa e fria,

Trabalha. A alma lhe sai da pena, alucinada,

E enche-lhe, a palpitar, a estrofe iluminada

De gritos de triunfo e gritos de agonia.

 

Prende a idéia fugaz; doma a rima bravia,

Trabalha... E a obra, por fim, resplandece acabada:

"Mundo, que as minhas mãos arrancaram do nada!

Filha do meu trabalho! ergue-te à luz do dia!

 

Cheia da minha febre e da minha alma cheia,

Arranquei-te da vida ao ádito profundo,

Arranquei-te do amor à mina ampla e secreta!

 

Posso agora morrer, porque vives!" E o Poeta

Pensa que vai cair, exausto, ao pé de um mundo,

E cai - vaidade humana! - ao pé de um grão de areia.