Tu Poema de Amor

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Inicio . Olavo Bilac REI DESTRONADO

REI DESTRONADO

O teu lugar vazão!... E esteve cheio,

Cheio de mocidade e de ternura!

Como brilhava a tua formosura!

Que luz divina te doirava o seio!

 

Quando a camisa tépida despias,

- Sob o reflexo do cabelo louro,

De pé, na alcova, ardias e fulgias

Como um ídolo de ouro.

 

Que fundo o fogo do primeiro beijo,

Que eu te arrancava ao lábio recendente!

Morria o meu desejo... outro desejo

Nascia mais ardente.

 

Domada a febre, lânguida, em meus braços

Dormias, sobre os linhos revolvidos,

Inda cheios dos últimos gemidos,

Inda quentes dos últimos abraços...

 

Tudo quanto eu pedira e ambicionara,

Tudo meus dedos e meus olhos calmos

Gozavam satisfeitos nos seis palmos

De tua carne saborosa e clara:

 

Reino perdido! glória dissipada

Tão loucamente! A alcova está deserta,

Mas inda com o teu cheiro perfumada,

Do teu fulgor coberta.